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Como Conduzir uma Investigação Interna Antes de uma Demissão por Justa Causa

  • Foto do escritor: FBC Advocacia
    FBC Advocacia
  • 29 de jul. de 2024
  • 4 min de leitura


A demissão por justa causa é uma medida extrema que deve ser aplicada com cautela e embasada em provas concretas. Antes de tomar essa decisão, é essencial conduzir uma investigação interna rigorosa para garantir que a decisão seja justa e legalmente válida. Este artigo fornece um guia completo sobre como conduzir uma investigação interna antes de proceder com uma demissão por justa causa, abordando os principais passos e melhores práticas para empregadores e profissionais de RH.


1. Entendendo a Importância da Investigação Interna

Por que investigar?

A investigação interna é crucial para garantir que a demissão por justa causa seja fundamentada em provas concretas e que os direitos do empregado sejam respeitados. Uma investigação malconduzida pode resultar em processos trabalhistas e danos à reputação da empresa.


Objetivos da Investigação:

  • Coletar e analisar evidências de forma imparcial

  • Proteger os direitos do empregado e do empregador

  • Garantir conformidade com a legislação trabalhista

  • Prevenir futuras ocorrências de faltas graves


2. Passos para Conduzir uma Investigação Interna

Passo 1: Recebimento da Denúncia

O primeiro passo é receber a denúncia ou identificar a suspeita de uma falta grave. Isso pode ocorrer através de denúncias anônimas, queixas formais de outros funcionários ou observações diretas de supervisores.

Procedimentos:

  • Registrar a denúncia formalmente

  • Garantir a confidencialidade da informação

  • Nomear uma equipe de investigação imparcial


Passo 2: Planejamento da Investigação

Antes de iniciar a investigação, é essencial planejar as etapas e definir os recursos necessários. O planejamento ajuda a garantir que todos os aspectos relevantes sejam considerados.

Procedimentos:

  • Definir o escopo da investigação

  • Identificar as partes envolvidas

  • Estabelecer um cronograma para a investigação

  • Designar os responsáveis pela condução da investigação


Passo 3: Coleta de Evidências

A coleta de evidências é uma etapa crucial que deve ser conduzida com rigor e imparcialidade. As evidências podem incluir documentos, registros eletrônicos, depoimentos de testemunhas, entre outros.

Procedimentos:

  • Recolher documentos e registros relevantes (e-mails, relatórios, gravações)

  • Entrevistar testemunhas e partes envolvidas

  • Manter um registro detalhado de todas as evidências coletadas

  • Garantir a integridade e a confidencialidade das evidências


Passo 4: Análise das Evidências

Após a coleta, as evidências devem ser analisadas de forma objetiva para determinar a veracidade das acusações e a gravidade da falta cometida.

Procedimentos:

  • Revisar e avaliar todas as evidências coletadas

  • Comparar as evidências com as políticas da empresa e a legislação trabalhista

  • Documentar as conclusões da análise


Passo 5: Entrevista com o Acusado

O acusado tem o direito de ser ouvido e de apresentar sua versão dos fatos. A entrevista com o acusado é uma etapa essencial para garantir um processo justo.

Procedimentos:

  • Notificar o acusado sobre a investigação e agendar uma entrevista

  • Conduzir a entrevista de forma imparcial e profissional

  • Permitir que o acusado apresente sua defesa e quaisquer evidências que considere relevantes

  • Documentar a entrevista e as declarações do acusado


Passo 6: Relatório da Investigação

Com base nas evidências e nas entrevistas conduzidas, deve ser elaborado um relatório detalhado da investigação. O relatório deve incluir todas as etapas do processo, as evidências coletadas, as conclusões e as recomendações.

Procedimentos:

  • Redigir um relatório detalhado e objetivo

  • Incluir todas as evidências e depoimentos relevantes

  • Fornecer uma conclusão clara sobre a veracidade das acusações

  • Fazer recomendações sobre as ações a serem tomadas


Passo 7: Decisão e Ação

Com base no relatório da investigação, a alta administração deve tomar uma decisão sobre a demissão por justa causa. Se a decisão for favorável à demissão, devem ser seguidos os procedimentos legais para formalizar a rescisão.

Procedimentos:

  • Revisar o relatório da investigação

  • Tomar uma decisão informada e fundamentada

  • Formalizar a demissão por justa causa conforme a legislação

  • Comunicar a decisão ao empregado de forma clara e respeitosa


3. Melhores Práticas para Conduzir uma Investigação Interna

Imparcialidade:

Assegurar que a investigação seja conduzida de forma imparcial é fundamental para garantir a justiça do processo. A equipe de investigação deve ser neutra e não ter conflitos de interesse com as partes envolvidas.

Confidencialidade:

Manter a confidencialidade é crucial para proteger a integridade da investigação e os direitos dos envolvidos. As informações devem ser compartilhadas apenas com as pessoas que realmente precisam saber.

Transparência:

Embora a confidencialidade deva ser mantida, é importante que o processo seja transparente e que as partes envolvidas sejam informadas sobre o andamento da investigação e seus direitos.

Documentação:

Documentar todas as etapas da investigação é essencial para garantir a conformidade legal e fornecer uma base sólida para a tomada de decisão. A documentação deve ser detalhada e precisa.

Consultoria Jurídica:

Consultar um advogado trabalhista pode ajudar a garantir que todos os procedimentos sejam seguidos corretamente e que a demissão por justa causa seja legalmente válida.


4. Exemplos de Situações que Podem Exigir uma Investigação Interna

Fraude ou Desfalque:

Se houver suspeitas de que um funcionário esteja envolvido em fraudes ou desfalques, uma investigação interna é essencial para reunir provas concretas antes de tomar qualquer medida.

Assédio Moral ou Sexual:

Denúncias de assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho devem ser investigadas com rigor para proteger os direitos das vítimas e garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso.

Insubordinação Repetida:

A insubordinação repetida pode justificar uma demissão por justa causa, mas é crucial que as alegações sejam investigadas e documentadas adequadamente.

Desídia no Desempenho das Funções:

Se um funcionário estiver demonstrando desídia no desempenho de suas funções, uma investigação pode ajudar a determinar a gravidade da situação e a necessidade de medidas corretivas.


5. Conclusão

Conduzir uma investigação interna antes de uma demissão por justa causa é um processo complexo que exige rigor, imparcialidade e conformidade legal. Seguir os passos e melhores práticas descritos neste guia pode ajudar a garantir que a decisão de demitir por justa causa seja justa e fundamentada. Para empresas e profissionais de RH, compreender e aplicar esses procedimentos é essencial para proteger os interesses da empresa e os direitos dos empregados. Em casos de dúvidas ou situações complexas, é sempre recomendável consultar um advogado trabalhista especializado.

 

Quem escreveu esse artigo?

Dra. Karoline Cunha:

Advogada Especialista em Relações do Trabalho, Negócios e Conformidade

Sócia do França Pinho Cunha Advocacia (FPC Advocacia)

Mestre em Fundamentos e Efetividade do Direito (UniFG)

Consultora em Demissões por Justa Causa

Expert em atuação no Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT da 5ª Região)

Professora e Pesquisadora do Mundo do Trabalho

@profkarolinecunha


 
 
 
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